Com o Web Summit quase a aterrar em Lisboa, vemos todos os dias chegarem ao país novos empreendedores que vêm não só para trabalhar, mas para gozar do sol de Portugal e de alguma liberdade. Chamam-lhes nómadas digitais e estão a obrigar as organizações a repensar o trabalho.
Mas que consequências pode ter esta tendência na cultura organizacional quando o objetivo de muitos colaboradores passa agora por poderem trabalhar fora dos limites físicos das empresas?
Recentemente estivemos à conversa com várias pessoas que já adotaram o nomadismo como uma alternativa de vida e profissional. E não, não são apenas os chamados ‘Millennials’. São sobretudo pessoas que desejam uma vida mais produtiva e menos convencional. Mas de que forma é que se garante a produtividade na era da mobilidade? E, acima de tudo, como é que se consegue aumentar a produtividade e a relevância de um colaborador com a mobilidade? Explicamos-lhe tudo!
De acordo com a Forbes, aqueles que já passaram algum período da sua vida a trabalhar desta forma, ou que já não querem voltar a trabalhar de forma tradicional, entre as quatro paredes das suas empresas, dizem que o mais importante na experiência é que se consegue sempre trazer valor para o negócio.
Como? Criando um sentido de comunidade entre pessoas que, na verdade, nunca se conheceram. Sabemos que para muitos ainda é difícil ver o trabalho remoto como algo mais do que umas férias prolongadas e sabemos também que não é para todos, mas os benefícios são bem mais do que se possa julgar.
Os nómadas digitais, como agora se tornou comum chamar-lhes, não têm mais do que um computador e Internet para desempenhar as suas funções, mas podem acabar por se tornar mais relevantes e produtivos do que qualquer outro empreendedor ou colaborador de uma qualquer organização. É que estes estão a redefinir a forma como trabalhamos.
[mks_pullquote align=”left” width=”700″ size=”24″ bg_color=”#ffffff” txt_color=”#aa274a”]“Ter uma visão do mundo ajuda-o a sair da sua bolha. E ser um nómada permite-lhe desenvolver uma rede de talentos que o podem ajudar a resolver problemas.”[/mks_pullquote]
“Um negócio pode atrair talentos de outras partes do mundo sem forçar ninguém a mudar-se. Alguns nómadas trabalham em regime de freelance – saltando de contrato em contrato – enquanto outros possuem trabalhos a tempo inteiro ou a tempo parcial em startups ou negócios muito bem estabelecidos”, explica a Forbes.
“Por estarem constantemente a documentar, testar ou a colaborar com outros nómadas em todo o mundo”, estes ‘novos trabalhadores’ podem ser bons prospectores de mercado, observando as tendências e criando parcerias que de outra forma seriam mais difíceis de alcançar.
“Ter uma visão do mundo ajuda-o a sair da sua bolha. E ser um nómada permite-lhe desenvolver uma rede de talentos que o podem ajudar a resolver problemas”, acrescenta a publicação.
E o mais interessante é que o nomadismo digital já não se faz apenas de empreendedores na área do design, tecnologias, escritores, jornalistas e outro tipo de profissionais independentes. O nomadismo digital é cada vez mais opção também para grandes multinacionais que já perceberam que os seus negócios podem beneficiar de mais ‘mundo’ e de ter alguém que experiencia a vida em primeira mão.
Sim, sabemos que é importante debater o impacto do nomadismo digital na cultura das organizações e, sobretudo, na gestão de recursos humanos. De que forma é que ter que gerir colaboradores que estão fora dos limites físicos das empresas pode impactar o negócio, as relações e a cultura organizacional?
Aquilo que é dito por aqueles que já experimentaram é que não é certo que, a longo prazo, possa vir a ser prejudicial para as companhias. É um trabalho que deve ser pautado sobretudo por responsabilização e independência e que não está ao alcance de todos, até porque exige uma grande disciplina.
Para além disso, é importante romper com os estigmas que ainda existem à volta do tema. “Muitas pessoas ainda acreditam que uma vida de nomadismo deve ser apenas para um curto período de tempo. Mas a diferença é que estes nómadas se movem de forma bastante lenta – algumas vezes ficam num único local entre três a seis meses antes de seguirem para o próximo destino”, revela a Forbes.
Outros dos mitos que é preciso quebrar é que estes nómadas digitais não são só os empreendedores que trabalham de computador portátil na mão, à sombra de uma árvore ou em qualquer praia. Na verdade, aqueles que apoiam este movimento são completamente contra o estereótipo, segundo o The Center for the Future Work.
Em Portugal a tendência começa a crescer, impulsionada pelos espaços de coworking que estão constantemente a surgir e pelo facto de Lisboa estar na moda. Mas estaremos preparados para a adotar este modelo de trabalho nas grandes organizações?