A aceleração e transformação que a sociedade e, em particular, as organizações vivem, enquadra o papel da aprendizagem dos colaboradores como fator nuclear não apenas na estratégia da organização, mas da sua própria sobrevivência.
O cumprimento de um propósito presente e a vocação (e preparação) para assumir desafios futuros assenta em ter organizações com equipas que, não apenas conhecem, mas põem em prática, diariamente, os procedimentos e processos definidos, compreendem a estratégia em vigor, reconhecem as convenções e os valores pelos quais se devem guiar, e alinham-se pela missão da organização. É em todo este sistema que assenta a Cultura de Aprendizagem.
A este sistema acrescentaria a capacidade de “ir mais além”: não apenas cumprir os standards e guiar-se pela missão, mas promover nas equipas o desenvolvimento de novas competências e um mindset de colaboração e agilidade em torno da aprendizagem. Uma organização com uma cultura de aprendizagem não faz da formação dos colaboradores iniciativas episódicas e conjunturais.
Antes pelo contrário, incentiva e desenvolve práticas quotidianas, consistentes e contínuas de conhecimento que fomentem a colaboração entre todos, independentemente da função ou antiguidade; Uma organização com uma cultura de aprendizagem não reage às metamorfoses do negócio e dos clientes. Mas, pelo contrário, entende que a resposta à aceleração e transformação assenta em antecipar tendências, e para isso é obrigatório ter equipas ágeis e vocacionadas para aprender a reaprender.
Nesse sentido, sendo o papel da aprendizagem cada vez mais nuclear, torna a constituição de uma efetiva “Comunidade de Aprendizagem” como “o” organismo vivo e dos mais indicados para desenvolver cultura, alinhar equipas e, ao mesmo tempo, apoiar a transformação da organização.
Se este é o timing para a sua organização construir uma efetiva comunidade de aprendizagem, apresento 7 notas importantes a considerar:
1) A comunidade de aprendizagem não é uma “medida administrativa” dos recursos humanos que nasce por decreto. Sendo uma comunidade viva e que espelha a organização deve receber contributos de todos e estruturar-se para dar resposta aos desafios que hoje o negócio enfrenta e aos que poderá ter num futuro próximo;
2) A comunidade deve assentar num sistema de regras e numa missão – um mission statement – que seja clara junto de todos e que possa indicar o caminho que a comunidade deve fazer e as opções e prioridades de aprendizagem que vai tomando em cada ano;
3) A aprendizagem não deve ser apenas a “formal”, estruturada em sala e com o formador certificado. Garanta o desmistificar do que é a aprendizagem e integre desde o início formatos e metodologias diversificadas: a facilitação, o action learning, o digital learning, a aprendizagem on the job, o mentoring e o coaching;
4) A confiança e a colaboração são ingredientes fundamentais numa cultura de aprendizagem. Promova na comunidade de aprendizagem uma cultura de partilha de ideias, de práticas geradoras de confiança entre os colaboradores e fomente a participação e o feedback;
5) A abertura da comunidade ao “mundo exterior” é fundamental para a aprendizagem: estreitar parcerias com entidades formadoras externas, parceiros de negócio e profissionais que têm a “visão de fora da organização” e podem aportar diferentes prismas de análise é sempre muito relevante. Por outro lado, é o acesso mais indicado a especialistas que não tem “dentro de casa”;
6) A definição de metas e indicadores associados à aprendizagem são as evidências que permitirão acertar a rota e gerar na comunidade uma maior nitidez quanto às competências adquiridas e por adquirir por parte das equipas;
7) A consistência de uma comunidade assenta na estabilidade, coerência e alinhamento com a cultura vigente na organização. Nesse sentido, uma comunidade fundada em torno do Conhecimento e do Saber lidará sempre com processos de aprendizagem a várias “velocidades” e que nem sempre as mudanças comportamentais resultarão de forma imediata. Nesse sentido, a atuação de forma continuada e permanente é valorizada e objetivamente necessária.
Estou certo que as comunidades de aprendizagem que têm na sua estruturação estas 7 “golden rules” estarão com alicerces fortes para a aceleração e transformação que estamos todos a viver.
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