Já todos nós fomos um colaborador do futuro um dia. Já todos nós achámos que iríamos mudar o mundo e que tudo era possível. Já todos nós sonhámos e lutámos por uma causa. Eu sonhei em integrar uma ONG e, como voluntária, ir para África acabar com a fome. Sonhei em ser diplomata e viajar pelo mundo. Fui irreverente e nunca me movi por dinheiro. Queria descobrir e conhecer o mundo. E os novos colaboradores do futuro, os que estão neste momento a terminar a faculdade? Também têm sonhos e defendem causas… serão assim tão diferentes das gerações anteriores? Em quê exatamente?
Nasceram na viragem do século, ligados à Net e com um smartphone nas mãos. Num momento em que a Internet e a tecnologia começavam a evoluir ao segundo, transformando a forma com que nos relacionamos, aprendemos e consumimos.
Nasceram num mundo ultraconectado, onde tudo é aparentemente fácil e rápido. Fazem parte da chamada geração Z, a geração online.
São muito mais liberais, menos preconceituosos, respeitadores das diferenças e da individualidade. A igualdade de género e a orientação sexual não são discutíveis. São autênticos e espontâneos. Não têm medo de dizer o que pensam e sabem defender a sua posição. Não estaremos ainda pouco habituados a este estilo?
Movem-se por um propósito, querem e buscam a verdade e são adeptos da transparência. Procuram empresas éticas, que cumpram promessas e falem verdade. Não serão as nossas empresas ainda demasiado opacas para acomodar esta necessidade?
São talvez um pouco indefinidos e não sabem, ainda, muito bem o que querem. O que não é de todo mau e faz deles pessoas flexíveis, versáteis e pragmáticas, capazes de enfrentar desafios diferentes.
São multitasking e impacientes, desafiando o aqui e agora. A noção de tempo é bem diferente da nossa, fazem várias coisas em simultâneo, integrando múltiplas realidades presenciais e digitais em paralelo e absorvendo muita informação ao mesmo tempo, sobretudo informação visual. Não se assustam com o que é novo e a mudança faz parte das suas vidas. Estarão certamente mais preparados para o que há de vir.
Vivem em rede, em comunidade, são inclusivos. São agregadores, dialogam, compreendem a diferença e não gostam da polarização, do ‘ou é preto ou é branco’. Têm muito a ensinar-nos em termos de colaboração, respeito e inclusão.
Falam em código, escrevem em código. Conseguiremos decifrá-los?
Confiam na sua família, que os guia, os apoia e os inspira!
Esperam que os seus futuros líderes tenham paciência para lhes ensinar tudo o que precisam saber e lhes deem espaço para aprender. Têm noção de que a universidade é uma base teórica e que é no mercado de trabalho que vão aprender a executar. Esperam não ser largados sem rede nos primeiros dias de trabalho e contam com uma equipa por trás para os apoiar. E quando se fala em benefícios não dispensam o seguro de saúde.
Foram algumas destas características que aprofundei durante a minha conversa com três colaboradoras do futuro, no PortoRH Meeting. Com um background comum, uma história de vida partilhada, mas projetos de futuro muito diferentes, a Carolina Lopo, a Daniela Ribeiro e a Inês Sousa partilharam o que esperam do seu futuro empregador e como imaginam a sua organização ideal. A Carolina Lopo, é proativa, persistente, divertida e aventureira e espera trabalhar na área das energias renováveis em prol da sustentabilidade. A Daniela Ribeiro é comunicativa, dinâmica, determinada e sorridente e tem duas grandes paixões: o marketing digital e a área comercial. A Inês Sousa é otimista, muito focada, empática e resiliente e apesar de ainda não saber qual a especialidade que gostava de seguir, espera acima de tudo tornar-se uma médica que nunca perca a humanidade e a empatia.
Estaremos preparados para acolher estes colaboradores do futuro nas nossas organizações? Estaremos aptos a concretizar os seus sonhos? A apoiá-los e responder da melhor forma às suas ambições?
Gostou deste artigo sobre os colaboradores do futuro? Subscreva a newsletter do RHBizz aqui. Siga-nos também no LinkedIn.