A área das Neurociências aplicadas à formação e à aprendizagem está a ‘explodir’. Universidades como Harvard e Melbourne estão a começar a integrar as descobertas da psicologia, da ciência cognitiva e das Neurociências na área da educação.
As Neurociências aplicadas à formação são uma área relativamente nova. Em 1970, Eric Kandel identificou as mudanças moleculares que ocorrem no cérebro durante a aprendizagem, uma descoberta que lhe valeu um prémio Nobel.
Desde estão, já se fizeram muitas outras descobertas importantes. Há cinco anos, os neurocientistas identificaram no cérebro humano algo a que chamaram engrama, um traço ou marca no comportamento por influência de uma experiência física, uma espécie de representação de uma memória no cérebro.
Que princípios podemos, afinal, retirar das Neurociências para aplicar na formação corporativa? Em primeiro lugar, é importante saber que o cérebro só e capaz de aprender e de recordar porque tem a capacidade de mudar o seu estado físico. A informação nova é integrada e representada na estrutura do sistema nervoso num processo apelidado de neuro-plasticidade. Contudo, apesar da enorme capacidade que o cérebro humano tem de codificar informação, tem limitações – os recursos de plasticidade são limitados, o que significa que o cérebro dá prioridade aos elementos que aparentemente são mais relevantes.
Além disso, são precisas cerca de seis horas para que as memórias se consolidem numa forma preliminar de memória de longo prazo. Durante o sono, o cérebro filtra essas memórias com base no significado e consolida-as de acordo com isso. Por tudo isto, as ações de formação devem dividir-se por várias sessões. Demasiada informação apresentada num único dia exige muito dos formandos e dos seus recursos de plasticidade, o que pode ter um impacto negativo na capacidade de memorização,
Por outro lado, as Neurociências também já nos ensinaram que os questionários são uma boa ferramenta de formação. Apresentar questões, espoleta a aprendizagem, mais ainda do que apresentar uma questão e a respetiva resposta. O processo de recuperação reforça de forma ativa a memória ao ativar os genes envolvidos nas sinapses. Outra das descobertas feitas por esta área de conhecimento é que o feedback positivo transmitido quando damos uma resposta certa ajuda a reforçar a memória.
Além disso, é importante não esquecer as emoções. Aquilo a que prestamos atenção está altamente dependente do significado emocional que tem para nós, da forma como é apresentado e de como difere das nossas expetativas. Sabemos já que as recompensas estimulam a libertação de dopamina, o que reforça a aprendizagem. Da mesma forma, o stress e a ansiedade espoletam a libertação de noradrenalina, hormona que estimula a codificação de informação.
Os responsáveis pelo desenvolvimento e formação nas organizações devem, cada vez mais, ter a capacidade de integrar estas descobertas nos planos de formação que desenham.
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