A Deloitte identificou as maiores tendências mundiais para o setor dos Recursos Humanos e a ‘nova organização’, ou transformação da forma como trabalhamos, está no topo da lista dos profissionais do setor. Mas essa transformação já chegou e não é tão assustadora quanto parece!
Josh Bersin, fundador da Bersin by Deloitte e especialista em gestão de talento, estratégia de Recursos Humanos e liderança, referia muito recentemente no seu blog que o futuro do trabalho estará dividido em três vertentes: impacto pessoal, impacto organizacional e impacto social. Que quer isto dizer?
De acordo com o especialista vamos preocupar-nos cada vez mas com o propósito daquilo que fazemos, com a forma como o trabalho se enquadra na nossa vida, com o progresso da carreira e com a atualização/desenvolvimento das nossas competências.
Por outro lado, para as organizações será cada vez mais importante redefinir o trabalho à medida que o software e a robótica se tornam mais eficazes, obrigando as empresas a repensar a sua estrutura e que papéis devem ter os colaboradores na organização.
O impacto social, por sua vez, passará a ser estruturante. A forma como se preparam os colaboradores para enfrentar os desafios do futuro e como se preparam os colaboradores para os processos de mudança não será apenas pensada numa perspetiva de impacto organizacional, mas também de impacto na sociedade.
Numa perspetiva pessoal, a verdade é que o trabalho está cada vez mais integrado na vida pessoal dos colaboradores. Se há uns anos atrás um dos temas quentes para o setor era o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, hoje o foco está na crescente ‘contaminação’ da vida pessoal com o trabalho. Tudo graças ao advento da tecnologia e da constante comunicação. De acordo com a maioria das organizações, grande parte das suas equipas sente-se sobrecarregada com o excesso de mensagens/comunicação.
Atualmente, a população mundial olha para os seus telemóveis cerca de 8 mil milhões de vezes por dia, mas a nossa capacidade de concentração está em constante decréscimo. E para tornar tudo mais preocupante, graças às redes sociais, existem cada vez mais formas das pessoas chegarem até nós. Sim, as barreiras estão cada vez mais difusas e deverão deixar de existir muito em breve.
Desenvolvimento de competências é cada vez mais importante
Por outro lado, as organizações estão a ser obrigadas a pensar a forma como introduzem as tecnologias na sua estrutura sem que a sua equipa deixe de ser relevante. Segundo Josh Bersin, na economia atual, 92% das organizações acreditam que a sua estrutura já não funciona, mas apenas 14% está a tentar aplicar medidas para a melhorar.
“A resposta está na capacitação das pessoas em pequenas equipas, na ligação dessas equipas, e na construção de uma cultura organizacional que mantenha as pessoas alinhadas e que lhes permita inovar e servir os clientes”, defende Bersin. Empresas como a Uber, a AirBnB e a Netflix, como aliás já vimos, estão a mover-se nesse sentido. Para as pessoas, por outro lado, isto significa que “uma posição ou um cargo já não são assim tão importantes”. O foco deve estar naquilo que cada um consegue fazer e na sua reputação pessoal e profissional, e também no desenvolvimento de competências e experiência. E, já agora, aproveitamos para lhe dizer que os empregos não vão desaparecer com o avanço das tecnologias. Segundo um estudo da Universidade de Oxford, nos próximos 20 anos cerca de 47% dos empregos que hoje existem irão desaparecer. No entanto, novos empregos irão ser criados, razão pela qual determinadas competências humanas serão cada vez mais relevantes.
Um estudo da Deloitte do Reino Unido sublinha precisamente isso, e demonstra que é crucial para as organizações terem do seu lado pessoas com 25 competências básicas à medida que a tecnologia evolui. Assim, competências como empatia, escuta ativa, comunicação e priorização – competências fundamentalmente humanas e que nenhuma máquina poderá substituir – irão guiar os empregos do futuro e, acima de tudo, o sucesso de uma carreira profissional.