Um colega que nunca cumpre prazos, um colega passivo-agressivo, um departamento que aparentemente acumula todos os recursos da organização ou um chefe incompetente. Revê-se neste cenário?
Já todos tivemos que lidar com conflitos ou fatores de frustração no local de trabalho. Passamos tempo infinito a queixar-nos destas pessoas, a evitá-las e a discutir com elas, mas no que diz respeito à gestão de conflitos no trabalho, a mudança não começa nos outros. Se quer um ambiente de trabalho mais produtivo e mais agradável, um dos primeiros passos é compreender o seu próprio papel nos conflitos e fazer o necessário para quebrar o ciclo, diz a Harvard Business Review.
Annie McKee, docente na Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos da América, escreveu recentemente um artigo na publicação que explica que a maior causa de frustração no local de trabalho são os desafios constantes. “Uma dose saudável de frustração pode ser positiva, impulsionando a determinação e a criatividade. Infelizmente, em vez de obstáculos ocasionais no trabalho, estamos frequentemente enterrados numa avalanche de problemas. Não temos os recursos necessários para fazer o nosso trabalho, mas as metas estão sempre a mover-se (…) Independentemente da razão, muitos de nós estamos cronicamente frustrados no trabalho”.
Muito frequentemente essa frustração crónica acaba por se transformar em raiva e medo, emoções destrutivas que causam stress e, em última análise, resultam em colaboradores infelizes e pouco envolvidos na cultura da organização. De acordo com a investigadora, no que a este tema diz respeito, é importante que não nos esqueçamos que “quando estamos sob stress crónico, o nosso pensamento complexo, a racionalidade e as nossas competências sociais sofrem. A nossa capacidade de processar e utilizar informação é comprometida, assim como o nosso julgamento.”
Mas quando embarcamos numa mentalidade destrutiva, derrotista e estamos constantemente a lamentar aquilo que não conseguimos fazer e aquilo que podíamos fazer melhor devemos carregar no botão de ‘Pausa’.
Quebrar o ciclo vicioso
Para Annie McKee existem três passos fundamentais para colocar um ponto final neste ciclo vicioso de frustração no local de trabalho: desenvolver o nosso autoconhecimento; construir maior autocontrolo emocional; e estabelecer relações fortes.
A investigadora define este processo como o abandono da mentalidade de ‘bunker’ e explica que encontrar tempo para nos conhecermos a nós próprios e o tipo de situações e pessoas que nos transportam para níveis de stress e frustração insuportáveis é o passo mais importante.
No que a isto diz respeito, as organizações podem também desempenhar um papel importante, promovendo práticas de bem-estar como o mindfulness. Está já provado cientificamente que o yoga e a meditação e até apenas alguns minutos de respiração profunda podem ajudar a ‘limpar a mente’ e a pensar de forma mais clara e a escolher as melhores ações. De resto, desenvolver competências como a empatia e a compaixão podem ajudar-nos a todos a sobreviver até no local de trabalho mais hostil do mundo. Afinal, todos temos uma história, e aprender a cuidar de nós e dos outros pode tornar a nossa experiência no local de trabalho mais produtiva e agradável.