A inteligência artificial é sem dúvida o tema do momento. É o tema central de eventos, das pesquisas nos motores de busca, das diferentes plataformas de media, das conversas de café com amigos, das conversas de corredor com colegas e das reuniões de planeamento estratégico entre líderes.
Curiosidade, medo, ceticismo, entusiasmo, interesse, dúvida (tudo menos indiferença), são alguns dos sentimentos mais comuns entre aqueles que, como eu, tentam incorporar a IA no dia-a-dia de trabalho e tirar partido de tudo o que esta tecnologia nos pode aportar em termos de produtividade, eficiência, tempo e foco no que é realmente importante e acrescenta valor.
se (…) passarmos a entender a IA como “a senhora da verdade”, estaremos a perder aquilo que faz de nós humanos e singulares, o sermos capazes de ser originais e criativos, olharmos para as coisas de um ângulo diferente e
(re)inventarmos a roda.
Ao navegarmos por este mundo novo e desconhecido de algoritmos e prompts, ficamos boquiabertos com todo o seu potencial e percebemos que podemos, e devemos, transformá-la num aliado ao serviço do desenvolvimento da nossa performance.
E ao mesmo tempo, descobrimos que há coisas que não são computáveis e que a inteligência artificial de pouco ou nada nos serve se não tivermos pensamento crítico. Capacidade para colocar as perguntas certas, questionar a veracidade e a parcialidade da informação, discernir entre factos e ficção, procurar inconsistências nos dados, fazer conexões, tirar conclusões e decidir. Porque se assim não for, e passarmos a entender a IA como “a senhora da verdade”, estaremos a perder aquilo que faz de nós humanos e singulares, o sermos capazes de ser originais e criativos, olharmos para as coisas de um ângulo diferente e (re)inventarmos a roda.
É nesta dualidade entre saber usar a tecnologia e ser humano que temos de encontrar o equilíbrio.
É nesta dualidade entre saber usar a tecnologia e ser humano que temos de encontrar o equilíbrio. É este equilíbrio (o grande desafio das equipas de desenvolvimento do talento interno das organizações e um dos principais desafios das lideranças) que nos vai manter relevantes na nossa organização e no mercado de trabalho.
A inteligência artificial e todas as outras tecnologias que surgem e vão continuar a surgir todos os dias (e ainda bem), vão deixar-nos cada vez mais tempo para criar, inovar, adquirir conhecimento e desenvolver novas competências. Para sermos humanos e ao mesmo tempo sermos sociais.
Mais tempo para nos dedicarmos a construir relações interpessoais com os outros, com o objetivo de potenciar o trabalho em equipa, aumentar a performance individual dos nossos colaboradores e da(s) nossa(s) equipa(s) e promover o bem-estar global na organização. Estimular a colaboração e a partilha para criar redes de trabalho diversas, inclusivas e complementares. Humanizar as relações num ambiente de trabalho ultra-digital e híbrido, criando ambientes geradores de confiança, onde as equipas se sintam seguras para arriscar, experimentar, errar e aprender com o erro.
Humanizar as relações num ambiente de trabalho ultra-digital e híbrido, criando ambientes geradores de confiança, onde as equipas se sintam seguras para arriscar, experimentar, errar e aprender com o erro.
E para isso, a (trans)formação das lideranças é vital. Desenvolver as lideranças para que estas sejam capazes de falar verdade, aproximar as equipas e ligar-se às pessoas. Empatia, escuta ativa, feedback, comunicação clara e transparente são algumas das competências estratégicas para envolver as equipas e inspirar os colaboradores neste contexto de incerteza, permanente mudança e imprevisibilidade.
Mudar é agitar, deixar cair, substituir, modificar, variar, trocar, mover, para seguir em frente, avançar e evoluir. Mas ao não conseguimos prever o que vai acontecer a seguir, e se esta nova mudança vai ter um impacto positivo ou negativo em mim e na minha vida, pessoal e/ou profissional, muitos de nós têm dificuldades acrescidas em não paralisar com o medo e ser resilientes, ser flexíveis e eficazes na procura de soluções em contextos de adversidade. Adaptar-se! Conseguir reagir e resistir sem “partir” à pressão e a situações de stress, sem comprometer a saúde física, mas sobretudo a saúde mental. E compete aos líderes estarem atentos, compreender os sinais e antecipar situações limite que possam afetar a saúde mental dos seus colaboradores, criando ambientes positivos.
(…) ser resilientes, ser flexíveis e eficazes na procura de soluções em contextos de adversidade. Adaptar-se! Conseguir reagir e resistir sem “partir” à pressão e a situações de stress (…)
A resiliência é sem dúvida importante, mas com os ritmos de mudança cada vez mais acelerados, é obrigatório sermos reativos, mais ágeis e mais rápidos a tomar decisões. Crescemos habituados a ter alguém a decidir por nós, escudamo-nos frequentemente na falta de autonomia para não ter de decidir e desresponsabilizamo-nos constantemente ao “chutarmos” a decisão para cima e para o lado, mas nunca deixamos de apontar o dedo porque alguém tomou uma decisão errada. É uma questão cultural, talvez das mais enraizadas em nós como povo, mas crucial para evoluirmos e sobretudo para conseguirmos ser mais produtivos. Sermos autónomos, responsáveis e tomarmos decisões. Cada um de nós individualmente, mas sobretudo, nós líderes. Não inventarmos desculpas para protelar a decisão. Ter coragem para errar, mas decidir. E mudar de decisão sempre que se justifique.
(…) é obrigatório sermos reativos, mais ágeis e mais rápidos a tomar decisões.
A mudança, passe ela por inteligência artificial ou não, abre-nos sempre imensas oportunidades que temos de explorar com mente aberta, curiosidade e sobretudo sempre com muita vontade de aprender. De formas diferentes, com humildade, mas sempre com a consciência de que aprender e mudar é uma escolha e é acima de tudo um caminho que se faz ao longo de toda a nossa vida.
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