40% da força de trabalho europeia, mais de 90 milhões de pessoas, terá de desenvolver novas competências nos próximos dez anos para fazer face à introdução de tecnologias de automação no mercado de trabalho. Os dados são da McKinsey, que indica que a transformação digital, a robotização e a automatização poderão colocar cerca de 51 milhões de postos de trabalho em risco até 2030.
E a pandemia de covid-19 poderá muito bem vir a acelerar esta tendência, com a empresa a prever que cerca de 22% das atividades desenvolvidas atualmente pelas pessoas em toda a União Europeia possam vir a ser automatizadas até 2030, nomeadamente em áreas como atendimento ao cliente e vendas, serviços alimentares e sector imobiliário, que de acordo com a consultora são as que estão em maior risco.
Para fazer face a esta tendência, será necessário que as organizações invistam no desenvolvimento de novas competências que permitam aos seus colaboradores adaptar-se a este “novo normal” e tornar-se imprescindíveis, mesmo perante a ‘força’ da robotização.
Neste contexto ganharão as competências sociais, que continuarão a ser procuradas pelas organizações, nomeadamente em áreas que requerem interação humana.
Líderes estão divididos em relação ao futuro
Por outro lado, há cada vez mais lideranças a acreditar que os humanos e as máquinas poderão trabalhar lado a lado. 82% dos CEO acreditam, inclusive, que os Homens e as máquinas vão integrar as mesmas equipas de trabalho no curto prazo, de acordo com o estudo ‘Realizing 2030’, da Dell Technologies.
De acordo com o estudo, até 2030, as tecnologias emergentes deverão cimentar as parcerias entre humanos e máquinas, tornado estas relações mais envolventes do que antes. Segundo o relatório, as máquinas irão ajudar os humanos a ultrapassar as suas limitações, prevendo-se que a automatização de sistemas liberte tempo para o que realmente importa. 42% dos executivos inquiridos no âmbito do estudo acreditam que podem vir a ter uma maior satisfação no emprego ao dedicarem tarefas a máquinas, um argumento contestado por 58% dos líderes.
Mas os líderes também se encontram divididos quanto à forma como o futuro se apresenta: 48% referem que quanto mais dependermos da tecnologia, mais teremos a perder no caso de um ciberataque, mas 52% não tem esta preocupação; 50% dos líderes querem protocolos mais claros para prever situações de falha nas máquinas autónomas e a outra metade abstém-se; 45% refere que os computadores terão de decifrar o que são bons e maus comandos e 55% não vê essa necessidade.
O estudo mostra ainda que 56% dos líderes mundiais especulam que as escolas vão precisar de explicar a forma como aprendemos, e não o que aprendemos, de forma a prepararem os alunos para empregos que ainda não existem. Esta forma de pensamento corrobora as previsões do IFTF: 85% dos empregos que vão existir em 2030 ainda não foram inventados.
Jeremy Burton, chief marketing officer da Dell Technologies, sublinha que “é fácil perceber a razão pela qual a comunidade empresarial está tão polarizada. Existem duas perspetivas extremas sobre o futuro: a visão da obsolescência humana, baseada numa abordagem mais ansiosa, e a visão otimista de que a tecnologia irá ser a resposta para os nossos maiores problemas sociais. Estas diferentes perspetivas podem dificultar a forma como as organizações se preparam para um futuro que está a chegar e podem transformar-se em areia na engrenagem neste processo de mudança que se impõe”.
“Estamos a entrar numa Era de alterações monumentais. Muito embora os líderes das empresas apresentem visões contrastantes do futuro, partilham uma necessidade comum: a da transformação. Baseado em muitas conversas que tenho com clientes, acredito que estamos a chegar a um marco importantíssimo. As empresas precisam de enfrentar a realidade, transformar as suas TI, a sua força de trabalho e segurança para assumirem um papel preponderante no futuro. A alternativa é ficarem para trás”, conclui.