O Hospital de Santarém está a desenvolver um trabalho colaborativo que envolve pessoas com doença mental, profissionais do Hospital, cidadãos, professores e artistas.

O Hospital de Santarém está a desenvolver um trabalho colaborativo que envolve pessoas com doença mental, profissionais do Hospital, cidadãos, professores e artistas.

Hospital de Santarém

O Hospital de Santarém está a desenvolver um trabalho colaborativo que envolve pessoas com doença mental, profissionais do Hospital, cidadãos, professores e artistas em que está inserido. Assenta em potenciar ao máximo aquilo que é possível alcançar através da arte. Não há limites, quando as pessoas são o bem maior.

Carla Ferreira –Enf.ª do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital Distrital de Santarém e Responsável pela dinamização do Projeto INcluir

Marta Bacelar –Responsável do Gabinete de Gestão de Projetos do Hospital Distrital de Santarém

O trabalho que o Hospital de Santarém tem vindo a desenvolver ao nível de abordagens inovadoras à saúde mental, tem ganho enorme visibilidade. Qual o propósito das oficinas artísticas, a que situações dão resposta?
Portugal é o país da Europa com maior prevalência de doença mental na população adulta: em 2016, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença mental (DGS, 2018).
O Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental (DPSM) decidiu criar em 2016 o Projeto “INcluir – OficINas para todos e para cada um”, que se consubstanciou com o apoio financeiro da Fundação EDP. Este Projeto, alicerçado em OficINas de arte dinamizadas por um professor de artes convidado, permitiu descobrir o potencial artístico dos participantes, os utentes deste Departamento.
Com a dinamização e divulgação destas OficINas, que decorram em espaços cedidos e nas principais ruas do Município de Santarém, o Projeto tornou-se acarinhado pela comunidade e o grupo “ASAS pala Vida”, grupo voluntário local, dinamizou a “Festa AZUL” em 2018, o que permitiu ao Projeto “ganhar asas”, tendo sido a semente para a constituição da Associação R.INserir – OficINas para todos e para cada um.
Em 2018, diversificaram-se as OficINas artísticas com o Projeto IN_Cooking – OficINas de culinária, patrocinado pela Missão Continente, que possibilitaram aos participantes a aquisição de competências técnicas de culinária, com receitas saudáveis, bem como a aquisição de hábitos alimentares saudáveis, sob a orientação de um chef de cozinha. Estas OficINas contribuíram para o desenvolvimento da autonomia dos participantes no âmbito das atividades da vida diária.
Em 2019 foi criado um espaço próprio, contíguo às instalações do DPSM, designado “OficINa”, com o apoio do Prémio Fidelidade Comunidade e em 2020 surgiu o Projeto “OficINa.com”, com o apoio do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Capacitar.
Surgiu assim o conceito de OficINas de arte bruta inclusiva – um espaço de liberdade artística, com carácter sócio profissionalizante, coabitado por artistas convidados. Pretende-se que as pessoas com Doença Mental (DM) se sintam artistas, tenham um espaço e liberdade para criar…
Estas OficINas têm caráter inclusivo dado que os grupos integram pessoas com DM, pessoas em risco de exclusão e pessoas da comunidade, mobilizando a arte como ferramenta terapêutica.

Que resultados têm sido obtidos?
Aliado à dinamização das OficINas artísticas, têm sido desenvolvidos trabalhos de investigação, com um dos parceiros da Associação, o Instituto Politécnico de Santarém, de forma a avaliar o seu impacto na vida dos participantes.
Dos resultados obtidos, destacam-se:

  1. Ganhos em Saúde
  • Redução em 60% dos re-internamentos
  • 30 % dos participantes estão integrados na comunidade
  • Diminuição custos medicação (média 6€)
  • Sentimentos de pertença num grupo e maior capacitação
  1. Autoestima
  • Melhoria do nível da autoestima após a participação nas OficINas, tendo-se registado uma subida da 1.ª para a 2.ª avaliação
  • Melhorias mais evidentes entre a 1ª e a 2ª avaliação relacionadas com o desempenho e a satisfação do próprio participante
  1. Estigma da DM
  • Redução em 66% do Estigma da DM nos participantes
  • Melhorias estatisticamente significativas em 8 dos 9 domínios avaliados relativos ao estigma na DM

Que impacto tem este projeto nos profissionais que trabalham no Hospital? Como é que envolvem as vossas pessoas no projeto?
Este Projeto tem suscitado curiosidade nos profissionais que trabalham no Hospital pela dinamização, resultados e divulgação que tem existido.
Considerando este facto e considerando que o cerne das OficINas é a inclusão das pessoas com DM, o Projeto vai ser alargado para serem criados workshops de diferentes áreas artísticas (arraiolos, macramé, reciclagem de móveis, costura, barro, etc.) com a designação “OficINas inclusiva de …”, onde será possível a participação de profissionais do Hospital e pessoas da comunidade, com dinamização da responsabilidade do artista/artesão. Estas OficINas.

De que forma está alinhado com a vossa cultura corporativa?
Os profissionais do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental têm agora possibilidade de desenvolver diversas dinâmicas em prol da capacitação dos participantes, com acesso a um inovador sistema informático de reabilitação cognitiva, com evidência científica, (Rehacom), num espaço amplo, luminoso, inclusivo e convidativo ao desenvolvimento da arte, fator motivacional que contribui para um aumento do desempenho das suas funções.
Criar condições de trabalho de excelência é sempre uma aposta do Hospital, sendo muitas vezes as propostas de inovação apresentadas pelos próprios Serviços. Este Projeto é um exemplo da perseverança e da cooperação entre os profissionais do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental, sempre apoiados pelo Conselho de Administração do Hospital.

É um trabalho que vai para além da relação com os vossos utentes. Em que medida é que este é um projeto aberto à comunidade?
Trata-se efetivamente de um Projeto aberto à comunidade pelos parceiros que mantemos, nomeadamente a Câmara Municipal de Santarém, a Santa Casa da Misericórdia, o Instituto Politécnico de Santarém, a associação A Farpa, o W Shopping e muitos outros patrocinadores locais. Por outro lado, realça-se o caráter inclusivo das OficINas onde participam as pessoas com doença mental, profissionais do Hospital, cidadãos, professores e artistas.

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