Dois dias, 12 apresentações e mais de 800 participantes: são estes os números que marcam a 3ª edição do Porto RH Meeting, uma organização do Grupo IFE em conjunto com a Câmara Municipal do Porto que já se tornou numa referência para os profissionais de Recursos Humanos da região Norte.
O evento decorreu nos passados dias 10 e 11 de novembro, na Alfândega do Porto, e teve sala cheia para debater temas como o Engagement, a Comunicação, as Diferenças Geracionais nas Organizações, as Novas Formas de Trabalho e o Recrutamento: tudo ‘temas tendência’ para um setor que tem sido nos últimos anos alvo de grandes transformações
Guilhermina Rego, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, foi a responsável pela abertura da edição deste ano, com uma apresentação sobre Engagement e a sua importância para os RH e o seu impacto nas organizações.
Uma das coisas que ficou patente foi a especificidade da gestão de Recursos Humanos numa entidade pública. A falta de meios e a impossibilidade de assumir determinadas decisões, como é o aumento de remunerações, por exemplo, faz com estes gestores tenham quer ser mais criativos com as políticas de RH que implementam. Aqui foi destacado o bom trabalho de Emília Galego, Diretora de Recursos Humanos da Câmara Municipal do Porto, que tem conseguido resultados satisfatórios no desenvolvimento dos colaboradores.
Seguiram-se António Cruz, CEO da Amorim Revestimentos, que falou da importância de um plano de ação para a obtenção de objetivos e de não fazer sempre o mesmo se a meta for ter um resultado diferente; Fátima Gonçalves, Diretora de Recursos Humanos e Comunicação da MAHLE, que partilhou com a audiência o programa de Comunicação Interna da organização que teve como resultado uma equipa completamente identificada com a missão e valores da empresa; e uma mesa redonda sobre a Redefinição do Valor dos Recursos Humanos.
Moderada por Raquel Rebelo, Country Manager da IFE, esta mesa redonda contou com contributos de Fernando Bravo, HR Manager da Ateliers de Ponte de Lima, Jorge Lopes Pinto, Diretor de Recursos Humanos da Tensai Indústria, e Cristina Basaloco, Diretora de Recursos Humanos da Soeiro – Centro Têxtil.
Aqui, ficou clara a necessidade que os Recursos Humanos têm de cada vez mais dar resposta à estratégia do negócio e de capacitarem as equipas para serem mais flexíveis, ágeis e facilmente adaptáveis à mudança.
Segundo dia segue tendência do primeiro e mantém-se com sala cheia
O segundo dia arrancou com uma mesa redonda dedicada à Formação e ao Desempenho que contou com contributos de Carla Gomes, Responsável de Formação da Bosch Car Multimédia, Helena Viana, Assessora de Recursos Humanos do Hospital de Santa Maria do Porto, e de Ana Margarida Simões, Responsável de Recursos Humanos e Responsabilidade Social da Revigrés. Para além da importância dos sistemas de gestão de desempenho, ficou claro que os planos de Formação das organizações devem estar alinhados e orientados para o negócio e ter um propósito e, sobretudo, que deve ser feita uma avaliação contínua da sua eficácia.
Destaque para Paulo Fradinho, Business Leader da Mercer Marsh Benefits Portugal, que tomou o palco para falar de Benefícios. De acordo com o responsável, hoje não chega pensar em prémios e bónus, é preciso investir em benefícios personalizados “que se ajustem às necessidades de cada um”, já que “uma pessoa que tem as suas necessidades correspondidas é mais produtiva”. Para as organizações, por outro lado, esta aposta em benefícios sociais significa uma “melhoria na proposta de valor, no ROI, no employer branding e no engagement.”
Esteve também em destaque um dos temas que mais discussão tem gerado no setor nos últimos anos, as Diferenças Geracionais no seio das organizações. Graciete Santos Ribeiro, Diretora de Recursos Humanos da GANT/Delveste – Ricon Group fez um retrato da sua organização, explicando que no negócio de Retalho, em particular, a presença de Millennials tem sido um benefício, já que estes têm as características que a marca GANT quer transpor para as suas lojas.
De acordo com a responsável, para a Geração Y (Millennials) fatores como benefícios financeiros já não têm peso, pesando muito mais questões como a responsabilidade social e ambiental. “Estamos a falar de uma geração que dá valor a fatores como a autonomia e a flexibilidade”, explicou. “As chefias têm que comunicar de forma clara com estes jovens, sob pena de gerar desmotivação”, acrescentou.
Outro dos desafios da empresa prende-se com o facto de a grande maioria dos seus colaboradores ligados à produção têxtil estar já a caminhar para a aposentação. Para combater isso, foi criada uma ‘bolsa de formadores internos’ composta pelos colaboradores mais experientes da empresa e cujo objetivo é transmitir know-how para as gerações mais jovens que agora começam a integrar o negócio.
O Grupo Salvador Caetano foi outros dos exemplos apresentados. Paula Arriscado, Diretora da Divisão de Pessoas, Marca e Comunicação, e Bianca Sousa, Técnica de Marketing Interno, falaram do projeto ‘Ser Caetano’, uma iniciativa do grupo para trabalhar os valores do fundador da empresa em todos os colaboradores da companhia, de forma transversal, e para transmitir a ideia de que é preciso líderes que “estejam no terreno”, à semelhança do que fazia o fundador daquele que é um dos negócios mais importantes para a economia nacional.
Houve ainda espaço para uma mesa redonda sobre ‘Novas Formas de Trabalho’, que contou com a participação de Isabel Andrade, HR Manager da OCP Portugal, Paulo Ventura, Diretor de Recursos Humanos da Colep, e Isabel Lima, Diretora de Recursos Humanos do Grupo Primor.
Na Primor, no que à gestão de pessoas diz respeito, o foco tem estado na flexibilidade e na personalização. De acordo com Isabel Lima, as gerações mais antigas dão valor a fatores como a “estabilidade, chefias e evolução na carreira”, mas os Millennials procuram “desafio” constante. “Hoje mais do que nunca as pessoas querem propósito”, sublinhou.
Paulo Ventura, da Colep, é da mesma opinião e afirmou que “temos que acelerar a organização”, criando desafios, de forma a reter os melhores colaboradores. De acordo com o responsável esse será, aliás, o maior desafio para os Recursos Humanos no futuro: “atrair e reter as pessoas certas, já que a velocidade a que as pessoas ficam ultrapassadas é cada vez maior”. Para além disso, será crucial “fazer o match entre as necessidades das pessoas e as necessidades das organizações”.
Isabel Lima, Diretora de Recursos Humanos do Grupo Primor, encerrou a mesa lembrando que é preciso antecipar o futuro e “naturalizar a mudança” dentro das organizações, e Isabel Andrade, HR Manager da OCP Portugal, defendeu que será cada vez mais importante fazer uma gestão das expetativas e da mudança junto dos colaboradores.
A mesa redonda dedicada ao debate do Recrutamento, por outro lado, contou com a participação de Paula Arriscado, da Salvador Caetano, Marta Dias, da NOS, e Nicole Ferreira, da Bosch Car Multimédia. A principal conclusão? Todas elas estão já perfeitamente adaptadas às mudanças trazidas pela transformação digital e no último ano testaram novas formas de recrutamento, nomeadamente através das redes sociais.
Para já, a rede social mais utilizada para recrutar continua a ser o LinkedIn, apesar de os resultados ainda não serem medidos de forma contínua. Mas as participantes garantem: os social media poderão muito bem ser os canais de recrutamento do futuro.
De resto, destaque para um debate sobre Talento, uma sessão que contou com a presença de Filipe Araújo, Vereador com o Pelouro da Inovação e Ambiente da Câmara Municipal do Porto, Maria João Lambertini e Vânia Pinto, HRBP da Blip e IT Recruiter da Blip, respetivamente, e Luis Sottomayor, Community Director da Talent Portugal.
Para além de startups, de inovação e do que está a acontecer ao nível do empreendedorismo na cidade do Porto, falou-se de scale hubs. Os especialistas presentes revelaram que atualmente existe escassez de talento no setor IT e, por isso, é preciso que as empresas estejam mais próximas das universidades e, sobretudo, dos estudantes Erasmus, que podem muito bem ser o futuro do setor, escolhendo fixar-se na cidade após a conclusão dos seus estudos.
IFE surpreende audiência com dinâmicas ‘outside the box’
É de referir uma das inovações introduzidas na edição deste ano que mais sucesso fez junto dos participantes: um conjunto de dinâmicas-surpresa preparadas pelo Grupo IFE para ‘agitar’ a sala. Alinhadas com as mais recentes tendências ao nível da formação e eventos, – cada vez mais experienciais – estas dinâmicas colocaram a sala em burburinho e foram um dos pontos altos do evento.
É o caso da ‘Teia’, uma ação que convidou os participantes a revelar qual a primeira palavra que lhes vinha à cabeça quando pensavam em formação e desenvolvimento. O resultado foi uma ‘teia gigante’ (como pode ver nas fotografias) e um momento de descontração geral.
Para além disso, ao longo dos dois dias foram levadas a cabo duas ações cujo objetivo foi caracterizar a audiência presente: o ‘Quem é Quem’, um inquérito realizado ‘em direto’ e cujos resultados foram revelados no último dia do Porto RH Meeting (ver infografia), e ‘As 3 Mais’, uma proposta que quis que todos os participantes olhassem para dentro e identificassem as três características pessoais que mais valor podem acrescentar às organizações para as quais trabalham.
Por fim, destaque para os ‘Balões’, uma ação na qual foram colocadas algumas questões à audiência, que tinha que concordar ou discordar, enchendo ou esvaziando um balão, e para uma Dinâmica de Improviso que fechou o evento com ‘chave de ouro’ e gargalhada geral, colocando alguns voluntários em cima do palco a fingir que eram colaboradores de uma empresa fabricante de cadeiras de… snowboard!
No final, o sentimento foi geral: um evento de sucesso, certamente para repetir, e que já se tornou numa referência para os profissionais de Recursos Humanos da região Norte e do resto do país.