“O grande desafio é estimular no colaborador a vontade de se reinventar e de aprender a reaprender”

“O grande desafio é estimular no colaborador a vontade de se reinventar e de aprender a reaprender”

Valores de uma organização

Fazer viver os valores de uma organização em cada um dos colaboradores é um dos maiores desafios para as lideranças. Raquel Rebelo, CEO da Abilways Portugal, estará na ExpoRH Live no próximo dia 18 de junho para contar como é que os líderes se podem tornar guardiões da cultura de uma organização.

 O que é um “líder guardião da cultura da organização”?
Ser líder guardião da cultura é ser o cuidador da singularidade da organização! É estimular a criação de laços e potenciar as relações inter e intra equipas. É fazer viver os valores da organização em cada uma das minhas ações e comportamentos.

É dar o exemplo. É partilhar. É ter coragem de agir. É correr riscos. É estar presente.

Quais os maiores desafios numa posição de liderança?
Um dos meus maiores desafios é ter as pessoas certas no lugar certo. Pessoas alinhadas com os valores da organização, focadas no cliente e orientadas para resultados. Pessoas flexíveis, ágeis e polivalentes. É potenciar a visão estratégica nas lideranças operacionais, apoiando-as a manter o foco no prioritário, no estratégico, garantindo o seu alinhamento com a visão de longo prazo e o seu empenho na identificação de sinergias para potenciar o nosso negócio.

Existe a ideia de que um líder não pode falhar, tem de ser um exemplo e tem de ser inspirador para a equipa, o que pode ser solitário, porque os líderes também são pessoas. Como se lida com o medo de falhar?
Medo? É claro que tenho. Quem não tem? Sou humana e o medo faz-me estar mais alerta, faz-me reagir, faz-me ir à luta e sobreviver. Mas mais do que medo de falhar, tenho medo de desapontar, de desiludir, de defraudar as expectativas de quem está a contar comigo.

Ser líder guardião da cultura é ser o cuidador da singularidade da organização! É estimular a criação de laços e potenciar as relações inter e intra equipas.”

Pessoalmente não tenho problemas em falhar, em assumir o erro, em alterar o caminho ou infletir estratégias. Se perceber que a decisão tomada não está a trazer os resultados pretendidos, mudo de rumo sem problema e envolvo a equipa nessa mudança, explicando o porquê com clareza e transparência. E é isso que espero de quem trabalha comigo: que explorem novos caminhos e que mudem de rumo sempre que percebem que estão num beco sem saída ou uma estrada sem fim.

Como se ‘alinham’ os colaboradores com a cultura e os valores da organização?
Comunicando, questionando, reformulando e voltando a questionar. Apontando o caminho e mostrando onde é suposto chegar. Clarificando quais são os pilares estruturais da organização e que devem permanecer por serem a força, a singularidade. Fazendo viver os valores da organização no dia-a-dia. Sendo um líder guardião da cultura e da singularidade.

As pessoas são a alma das organizações e as competências ditas de RH, como recrutamento, desempenho, desenvolvimento e formação, devem fazer parte do portefólio de competências de todos aqueles que lideram, coordenam, gerem, ou colaboram com pessoas”

Por outro lado, como se consegue que os colaboradores vivam a sua singularidade e individualidade e se sintam ‘representados’ nos valores e na cultura da organização?
Estimulando a sua autonomia e permitindo que façam acontecer. Desafiando-os a fazer diferente e a assumir novos papéis. Despertando a sua curiosidade e estimulando a vontade de aprender. Mas para isso acontecer é necessário que partilhem na essência os valores da organização, que se identifiquem com a cultura. No caso da IFE que sejam curiosos, cordiais e colaborativos e que se identifiquem com uma cultura inquieta, transparente, informal, de proximidade e onde se estimula a antecipação da mudança.

Como vês o futuro dos RH e da Gestão de Pessoas?
Vejo um futuro assente no suporte ao negócio, que vai muito para além da criação de HR business partners. As pessoas são a alma das organizações e as competências ditas de RH, como recrutamento, desempenho, desenvolvimento e formação, devem fazer parte do portefólio de competências de todos aqueles que lideram, coordenam, gerem, ou colaboram com pessoas e não devem estar circunscritas a quem ocupa formalmente funções num departamento de RH.

Um futuro apostado na aprendizagem ao longo da vida, focado no desenvolvimento e no engagement, no mapeamento dos gaps de conhecimento e competências, na preparação para novas funções, e na definição de estratégias de upskilling e reskilling das equipas de trabalho.

Um futuro suportado na adaptação a novos contextos, na mudança. Um futuro onde o grande desafio é estimular no colaborador a vontade de se reinventar e de aprender a reaprender.

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