E se olhássemos para o processo de aprendizagem como uma praia formada por milhões de grãos de areia? Praias de areia fina e branca onde nos sentimos confortáveis; de areia grossa que nos impulsionam a dar grandes passos; de areia escura que nos causam desconforto…
Onde o mar é agitado, a areia tende a ser mais grossa. Em águas calmas, as areias são mais finais e em ambientes mais hostis as areias são mais escuras…
Cada praia tem uma dinâmica diferente, assim como cada processo de aprendizagem. As praias mudam em função da intensidade das ondas e dos ventos e a forma como aprendemos adapta-se à forma como nos relacionamos, como consumimos, como trabalhamos.
Hoje procuramos dar resposta a necessidades precisas e a objetivos concretos. Temos pouco tempo e pretendemos soluções just in time e resultados imediatos.
Estamos sobrecarregados, andamos distraídos, somos impacientes e estamos cada vez com menor capacidade de foco. (Dizem os cientistas que estamos com uma atenção inferior à de um peixinho amarelo…)
Queremos ter o controlo total do que aprendemos. Queremos aprender rápido, em qualquer lugar e a qualquer hora. E a entrada em força dos millennials no mercado de trabalho está a colocar cada vez mais em evidência esta necessidade. Se os queremos atrair, desenvolver e reter, temos que lhes dar aquilo que eles querem ou que eles precisam.
E é neste contexto, que surge o micro-learning (ou aprendizagem em grão, como decidi chamar-lhe), uma estratégia para permitir a partilha de conteúdos em learning bits ou nuggets, micro-módulos muito específicos, com apenas um objetivo pedagógico, usando habitualmente formatos rich media por forma a garantir total atenção e envolvimento dos formandos e assegurar a aprendizagem.
Perfeitamente adequado aos 90 segundos de atenção média dos millennials, o micro-learning é, uma das grandes tendências do mercado da formação que não deverá ser ignorada pelos responsáveis de L&D das empresas, também em Portugal.
Vídeos curtos, com uma duração de entre 3 a 5 minutos, interativos e divertidos, que com recurso às técnicas pedagógicas adequadas e a conteúdos híper-estruturados, são uma forma fácil e rápida de ir straight to the point e facilitar a retenção de determinados conceitos e de diferentes ideias de forma eficiente e com aplicação imediata.
O micro-learning é flexível, ao permitir à pessoa aceder às partes do conteúdo relevantes e saltar aquelas que não têm tanto interesse, em função das necessidades e dos conhecimentos, tornando a aprendizagem mais personalizada e individual, possibilitando que cada um aprenda ao seu ritmo.
Mas tão importante como ter a opção de aprender a ritmo diferentes, é ter a opção de aprender ATAWAD – any time, anywhere, any device, tornando-se essencial que estes micro-módulos de formação sejam multi-plataforma, ou seja, que estejam disponíveis para smartphones, tablets e PC’s.
O micro-learning traz-nos agilidade e facilita a aquisição de conhecimentos e o reforço de competências, permitindo-nos estar sempre a aprender. É muito menos less time consuming do que a formação tradicional, é muito fácil de implementar (basta ter acesso a um smartphone) e se estivermos a falar de populações alargadas, pode ser muito mais económico.
Estes ‘grãos’ podem ser consumidos sozinhos, integrados em percursos de formação em vídeo, em projetos de formação presencial como complemento, clarificação de conceitos ou reforço da aprendizagem, ou complementares com acompanhamento individual. Têm um potencial enorme ao mesmo tempo que suscitam interesse para um determinado tema, podem despertar para a necessidade de aprofundar conhecimentos ou podem simplesmente cumprir a missão de ensinar a fazer qualquer coisa, muito em jeito de tutorial.
Um conceito, um objetivo pedagógico, um módulo, um vídeo! O micro-learning já é a sua praia?
