Em Portugal, quase 12% dos trabalhadores admite que exerce as suas funções sempre sob pressão do tempo. Os dados são do Eurostat e mostram que Portugal é oitavo país da União Europeia com a maior fatia de trabalhadores nessa situação, ficando acima da média comunitária.
Em 2019, 11,8% das pessoas empregadas em Portugal trabalharam sempre sob pressão do tempo, 17,3% frequentemente, 38% às vezes e 27,1% nunca. No conjunto da União Europeia, a fatia de trabalhadores a trabalhar sempre sob esta pressão era ligeiramente inferior (10,5%), sendo o grupo de trabalhadores a sentir pressão frequentemente ou às vezes maior do que em Portugal (17,3% e 38%, respetivamente).
Portugal surge no oitavo lugar da tabela dos trabalhadores que dizem sentir constantemente a pressão do tempo no seu dia-a-dia de trabalho. Em primeiro lugar aparece Malta, com mais de 20% dos trabalhadores a indicar que trabalha sob pressão do tempo. Segue-se a Alemanha, a Bélgica, a Irlanda, a Eslovénia, a Grécia e a Áustria. Em contraste surge a Eslováquia, país com a menor fatia de empregados nessa situação (4%).
A gestão do tempo é um dos maiores desafios de qualquer trabalhador e pode impactar a produtividade e o desempenho. Ana Rocha, psicóloga, docente universitária e consultora de formação com duas décadas de experiência em áreas como Liderança, Comunicação, Inteligência Emocional, Gestão do Tempo, Motivação e Gestão de Equipas, explicou recentemente em entrevista ao RH Bizz que querer fazer tudo não é suficiente para uma maior eficácia na gestão do tempo.
“O conhecimento das tarefas que temos para concretizar, o grau de importância que as mesmas têm e as prioridades e os meios que temos ao dispor para as realizar é fundamental para que se torne realista e exequível a sua finalização. O conhecimento que temos sobre nós é essencial”, garante a consultora.
“Os padrões comportamentais e a personalidade de cada um influenciam sobejamente a forma como organizamos o tempo. As técnicas que funcionam com algumas pessoas não funcionam com outras e vice-versa, pelo que há que conhecermo-nos bem para que não se recorra a estratégias de ‘boicote’ que mais não passam de desculpas (…) Uma das primeiras etapas para gerir melhor o tempo, revela, é “tornarmo-nos conscientes do tempo que é bem investido e daquele que é desperdiçado. É uma etapa ideal para identificar aquilo que devemos manter e o que podemos alterar na nossa rotina diária. É incontestável que o tempo investido no planeamento reverte-se numa poupança de tempo na implementação, e consequentemente, numa maior eficiência na realização dos projetos e das tarefas. Ter uma certa disciplina também é importante, mas há que adaptar todas as técnicas e princípios da gestão eficiente do tempo conforme a empresa, a função desempenhada e o estilo de personalidade. Uma gestão eficiente do tempo baseia-se em dois princípios: criar foco e manter o foco”, conclui.
Já Gisela Ribeiro, Senior Trainer and Communication Consultant em áreas como Liderança, Qualidade de Serviço no Atendimento ao Cliente, Comunicação Assertiva, Relacionamento Interpessoal, Gestão do Tempo, Gestão do Stress e Gestão de Equipas, sublinha que é crucial “definir prioridades e respeitar o grau de cada uma. Não adianta saltar tarefas: há que ter um planeamento estruturado e realista para a concretização das tarefas diárias.”
“Temos tendência a identificar e catalogar tudo como tarefas importantes. Um bom exemplo é o tempo que perdemos a ler e-mails que não acrescentam valor ou conhecimento. Mas, ainda assim, assumimos como algo essencial à rotina diária (…) A gestão do tempo e a produtividade estão diretamente ligadas à capacidade de foco. E para se ter foco é fundamental identificar as habituais distrações e anular as mesmas, sejam redes sociais, tarefas pessoais ou um café mais demorado…”, diz ainda Gisela Ribeiro.