Texto | Isabel Barroso, Senior Account Formação IFE – International Faculty for Executives
Recentemente tive a oportunidade de, em conjunto com um dos meus filhos, reler o Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry. A certa altura do livro ele refere, que se quisermos construir um barco, não devemos começar por cortar a madeira e distribuir o trabalho, devemos sim e em primeiro lugar, ser capazes de evocar nos homens o sonho do mar livre e aberto.
Esta simples afirmação remete-nos para o tema do employer engagement ou seja, a capacidade de envolver, mobilizar e fazer os colaboradores acreditar num projeto comum e acima de tudo, ser capaz de construir e manter relações de parceria com os colaboradores.
O employer engagement está a transformar-se numa preocupação central no campo da formação, sendo visto como uma peça chave no seio de organizações, que ao darem aos colaboradores o papel principal, conseguem obter um maior compromisso por parte destes.
Segundo um estudo desenvolvido pela AAT (Association of Accounting Technicians) do Reino Unido, (88%) das empresas dá particular importância às competências dos seus colaboradores, (85%) centra-se na atitude, (79%) na experiência, muito mais valorizada que as qualificações (22%) e os graus académicos (26%).
Daqui decorre a importância da implementação de novas formas de envolvimento dos colaboradores nos planos de formação para desenvolvimento de competências, com benefícios claros para as empresas.
Há, no entanto, ainda um longo caminho a percorrer e devemos assegurar-nos que conseguimos uma implementação efetiva do employer engagement nas nossas organizações. Como?
Estudos internacionais revelam que os programas mais eficazes de employer engagement recorrem a processos de mentoring ou de e-mentoring, à implementação de academias internas, à criação de conselhos consultivos, à promoção da contribuição dos colaboradores nas intranets e newsletters.
Eficaz é também o incentivo ao envolvimento dos colaboradores no desenvolvimento de produtos e serviços que sejam relevantes para o negócio, na implementação de formas de auscultação da opinião, dos anseios e das preocupações dos colaboradores através de um diálogo aberto e transparente. Ou ainda através da realização de palestras com a presença de gurus, a promoção de eventos internos de networking para discussão de tendências e aspetos relevantes no setor.
Assim sendo, as empresas devem colocar o foco na demostração do seu compromisso para com o staff e em encontrar formas de medir o valor da melhoria das competências dos seus colaboradores, recorrendo a diferentes iniciativas que deem a conhecer o reconhecimento que a organização tem pelo trabalho que desenvolvem, que reforcem a importância do seu papel para o desenvolvimento do negócio e ainda, que demonstrem a aposta que a organização faz na promoção e no desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores. Sabemos que quando o envolvimento e a motivação são elevados, a produtividade aumenta, os resultados melhoram e a capacidade de retenção de talentos é potenciada.
De tudo isto resulta que, para envolver verdadeiramente as pessoas temos que as fazer sentir e sentirmo-nos nós próprios, parte de uma solução que assenta fundamentalmente, no estabelecimento de uma parceria a longo prazo onde somos capazes de nos envolver e de envolver os outros com entusiasmo e compromisso.