Por | Frederico Fernandes, Administrador Executivo, Águas do Porto
Sendo um termo abstracto, a cultura organizacional de uma empresa encerra em si uma complexidade extrema. É entendida como o conjunto de valores, crenças, comportamentos, ambientes e normas de uma determinada organização, e pela sua natureza abrangente tem um impacto evidente em áreas tão distintas como a produtividade, a taxa de absentismo, a relação com o cliente, ou a sua imagem no mercado. Não é imutável mas com o tempo cresce e enraíza-se na organização, dificultando os processos para a sua mudança.
Assim, um dos principais desafios da gestão na óptica da sustentabilidade consiste na capacidade de estimular uma cultura organizacional forte e positiva, onde as pessoas reconheçam os princípios da empresa de forma clara e onde todos tenham orgulho de pertencer a uma organização focada no sucesso.
Na Águas do Porto esta preocupação de fomentar uma cultura positiva tem sido uma das nossas orientações prioritárias, e está subjacente nas políticas de gestão adoptadas e nos objectivos estratégicos delineados ao longo dos últimos dois anos.
Desde logo, a redefinição e divulgação do novo mapa estratégico da empresa foi assumida no pressuposto de transparência e transversalidade, com periodicidade na discussão geral dos seus indicadores. Procurou-se a clareza de objectivos e valores numa lógica de empowerment da estrutura directiva, valorizando o papel desta na disseminação da informação.
No que respeita ao mapa estratégico, a implementação de uma filosofia de orientação para o cliente, assistida pela vontade de afirmação da empresa e pela melhoria da comunicação com o exterior, permitiram uma nova percepção da empresa, quer pelos stakeholders externos, quer pelos próprios colaboradores.
De forma a reforçar ainda mais essa percepção valorativa, numa política de “portas abertas”, procurou-se também dar ênfase e visibilidade aos projectos em curso e aos casos de sucesso da empresa e das suas equipas, através dos canais de comunicação internos.
Foram ainda reestruturadas algumas políticas de recursos humanos, nomeadamente a implementação de ferramentas de avaliação de desempenho com critérios claros e a orientação dos planos de formação em torno das necessidades de aprendizagem identificadas por todos.
Por fim, não obstante o foco mais localizado, estão em curso vários projectos internos que já provaram o seu mérito no reforço do sentimento de pertença e valorização da empresa pelos seus colaboradores, nos quais se destacam a reabilitação das instalações para melhoria das condições existentes, o programa de alteração comportamental para o incentivo ao consumo de água da torneira, ou o programa interno de envolvimento de colaboradores através do conhecimento das diferentes áreas de actividade.
Naturalmente que o impacto destas medidas na cultura organizacional será diferido, sobretudo se nos lembrarmos que a Águas do Porto já possui uma cultura muito própria, em alguns aspectos marcadamente vincada pelo seu passado como Serviços Municipalizados da Câmara Municipal do Porto. No entanto, se atendermos à sua natureza de entidade pública afectada por restrições e cortes aplicados nos últimos anos, a incorporação de medidas para fomentar o reforço de uma cultura positiva ainda se afigura como um dos mecanismos disponíveis mais poderosos para assegurar a capacidade futura da Águas do Porto de captar, reter e estimular a produtividade dos seus profissionais.