“Um dos mitos mais nocivos acerca da criatividade é que existe uma ‘personalidade criativa’ que algumas pessoas possuem e outras não”. A frase é de Greg Satell, autor do livro ‘Mapping Innovation: A Playbook for Navigating a Disruptive Age’ que num artigo recentemente publicado na Harvard Business Review explica de que forma as organizações podem promover a criatividade de todos os colaboradores.
De acordo com o autor, em décadas de investigação, nunca o traço de personalidade ‘criativo’ foi identificado. “A verdade é qualquer um pode ser criativo, se tiver a oportunidade e estiver no contexto certo”, defende.
“O segredo para desbloquear criatividade não é procurar por pessoas mais criativas, mas sim despertar maior criatividade naquelas que já trabalham para si. O mesmo conjunto de investigações sobre criatividade que não encontrou uma ‘personalidade criatividade’ distinta, é também incrivelmente consistente sobre o que leva à criatividade no trabalho, e são tudo coisas que pode implementar na sua equipa”, acrescenta.
Cultivar o conhecimento
Segundo o autor, uma das coisas que já se conseguiu descobrir sobre a criatividade é que o conhecimento é essencial para a criação de obras criativas e esse conhecimento deve ser específico. Por isso, de acordo com Greg Satell, o primeiro passo para sermos criativos é tornamo-nos em especialistas em determinada área.
Pensar de forma criativa
Se formos especialistas em determinada área, sabemos exatamente quais os problemas mais importantes e o que poderia ser uma nova e inovadora solução. Os líderes das organizações, ou de equipas, devem identificar os elementos ou competências que precisam de melhoria, devem oferecer mentoria ou coaching e devem, sobretudo, encorajar os colaboradores a trabalhar nesses pontos mais fracos.
A Amazon, por exemplo, identificou uma competência que considera essencial para a performance da organização – a escrita – e exige que todos os colaboradores a desenvolvam, escrevendo documentos com seis páginas que apresentam determinado produto. Para crescer dentro da empresa, cada colaborador deve ‘dominar’ esta competência e, por isso, recebem formação e feedback para poderem melhorar.
Encorajar a abertura e a descoberta
Se olhar para a grande maioria das obras/feitos criativos, verá que grande parte delas beneficiou de ideias que vieram de fora do domínio original. Charles Darwin passou anos a fio a estudar fósseis e a pensar na evolução, mas foi quando leu um ensaio de Thomas Malthus com mais de 40 anos que conseguiu formular a sua teoria da seleção natural (teoria evolutiva).
De acordo com o autor, a combinação de “conhecimento, exploração/descoberta e colaboração é o que leva a ideias verdadeiramente revolucionárias”. É também por isto que a Google mantém a sua política dos ‘20%’, permitindo que a sua equipa invista parte do seu tempo de trabalho à criação de novas ideias. Permitir que os colaboradores dediquem parte do seu tempo a projetos que não estejam diretamente relacionados com a sua função, trabalhando com pessoas que de outra forma nunca se ‘cruzariam’, pode levar ao nascimento de ideias verdadeiramente inovadoras.
Recompensar a persistência
Greg Satell diz ainda que ao longo deste processo de promoção de criatividade, nascerão algumas ideias que precisam de ser maturadas, contudo, deve evitar julgá-las de forma demasiado rápida, ‘matando-as’ ainda antes poderem mostrar que podem ser promissoras.
Kevin Ashton, responsável pela criação dos chips de RFID, defende no seu livro ‘How to Fly a Horse’ que “a criação é uma longa viagem em que a maioria das curvas são erradas e em que a maioria das metas estão mortas. A coisa mais importante que os criadores fazem é trabalhar. A coisa mais importante qufe não fazem é desistir.”