À medida que as empresas continuam a tentar perceber como podem flexibilizar a sua forma de trabalhar para dar à volta às restrições impostas pela pandemia de covid-19, o caminho para a recuperação das organizações começa a ser mais difícil de planear. Como os dados vão ajudar os líderes de RH na recuperação pós-covid?

Nos próximos tempos os líderes de RH terão de estar na linha da frente desta luta e liderar o regresso à normalidade. Quem o diz é Neda Scrini, Chief People Officer, que num artigo publicado no portal HR Zone sublinha que esta é a altura de os diretores de Recursos Humanos garantirem que as suas organizações estão a olhar para as pessoas de forma holística, protegendo a continuidade dos negócios, mantendo o bem-estar e a produtividade dos colaboradores e, ao mesmo tempo, garantindo que na luta pelo talento, as empresas continuam competitivas.

As últimas previsões económicas continuam a gerar dúvidas acerca da velocidade com que a recuperação pode ocorrer e, por isso, os líderes de RH serão essenciais para que as restantes lideranças resistam ao impulso de entrar em pânico. De acordo com a especialista, iniciar uma nova era na gestão de pessoas será crucial.

“Uma liderança forte é a coisa mais importante de que uma organização precisa neste momento. Se pudermos mostrar às pessoas que nos preocupamos com o presente e o futuro delas enquanto nos preparamos para a vida após a covid-19, estamos a meio caminho andado de inspirar a confiança necessária para navegar por estes tempos sem precedentes”, sublinha Neda Scrini.

“Ninguém espera que tenhamos todas as respostas sobre como os clientes se comportarão na era pós-Covid-19. Na verdade, num estudo recente com CEO de empresas no ranking Fortune 500, 54% classificaram o impacto sobre os clientes e a incerteza com a continuidade dos negócios ou a vulnerabilidade como as suas três principais preocupações”, acrescenta.

O poder dos dados
Isto significa também que os líderes de RH precisam de começar a trabalhar com os dados para que seja possível planear, minimamente, o futuro da sua força de trabalho, mesmo quando não se sabe o que acontecerá. Isso transformará a rapidez com que se responde às mudanças do mercado. Além disso, passará a ser ainda mais importante monitorizar continuamente a saúde e o bem-estar de toda a força de trabalho. Além de permitir antever como uma ausência pode impactar a organização como um todo, é vital para manter os funcionários comprometidos e felizes.

“Os líderes de RH em todo o mundo começaram a perceber que é quase impossível saber o que o futuro reserva para os seus colaboradores num mundo pós-Covid-19. Por isso, o planeamento para diferentes cenários permitirá respostas mais rápidas. O que é que isso significa na prática? Bem, para que os planos tenham alguma utilidade prática, é preciso bons dados para construir modelos. Ter dados não é bom o suficiente. Os dados precisam de estar organizados e reunidos em todas as áreas da empresa e os RH precisam de liderar essa abordagem”, conclui a Chief People Officer.

Criar modelos preditivos daquilo que será o futuro poderá ser a chave para manter os negócios à tona na era pós-convid-19 e há passos que já estão a ser dados. Mesmo nos Recursos Humanos.

Já existem várias ferramentas que permitem recolher a opinião dos colaboradores em tempo real e perceber se a mudança está a ser bem-recebida em todos os departamentos ou se simplesmente existem gestores de equipas melhores do que outros na implementação dessas mudanças.

O feedback em tempo real significa que podemos saber de forma muito rápida de que forma as comunicações e as estratégias da organização estão a ser recebidas, permitindo-nos otimizar as nossas ações numa questão de dias em vez de semanas. Por outras palavras, os dados vão ajudar a acelerar a adoção de novas práticas.

À medida que as empresas recolhem mais dados e constroem modelos preditivos mais precisos, aqueles responsáveis pelos processos de mudança nas organizações conseguirão decidir de forma mais confiante sobre as melhores estratégias a aplicar para que as empresas possam atingir os seus objetivos.