Por | Teresa Coelho, Human Resources Manager, Barclays
Não há muitos anos um colaborador para actualizar os seus dados, tinha que mandar por correio interno os documentos, hoje dispomos de portais a que o colaborador livremente acede e altera os seus dados. Automatizamos um conjunto significativo de actividades de baixo valor, disponibilizamos ao próprio a facilidade de o fazer quando mais conveniente (sem restrição de horários), os dados são carregados automaticamente nos sistemas, as bases de dados são mais fidedignas o, que nos permite desenvolver novas soluções para o negocio e planear melhor a actividade de RH, ganhando eficiência.
Num segundo momento interligamos os sistemas de RH com os do negócio, e por via de uma melhor gestão de informação de RH, conseguimos gerir melhor acessos aos sistemas e às instalações, garantir maior segurança e, sobretudo, melhorar a capacidade do negócio gerir as necessidades dos clientes e atender a situações cíclicas.
Agora estamos a ligar-nos a parceiros estratégico. Temos fornecedores a conduzir recrutamentos na sua plataforma, os dados são integrados nos nossos sistemas, contratos são gerados, são marcadas formações de integração e onboarding e, o novo colaborador pode gerir a sua relação com os RH através de um portal interactivo; com um simples click ter acesso a um operador virtual ou, ainda a um profissional especializado que o guiará no seu percurso profissional. O mesmo sucederá com a gestão das saídas e o delicado processamento salarial que beneficia de processos automatizados e integrados, o recibo está disponível on line e com uma simples aplicação podem consultá-lo a partir de casa. São ganhos de eficiência.
E esta transformação tem tanto de aliciante como de assustador. As funções de RH estão a mudar. Fazer esta transformação, leva tempo, requer trabalho, investimento e, sobretudo uma boa capacidade de comunicação e gestão dos diferentes stakeholders. Mas requer ainda um novo mindset e uma cultura de serviço: temos SLA`s, e somos medidos de forma objectiva pelo cumprimento dos mesmos.
Estas novas tecnologias trazem oportunidades associadas às métricas que geram. A integração desta informação permite construir modelos preditivos capazes de desenhar planos de contratação e perfis, reorganização, pipeline de talentos, incrementar a cultura de performance, criar sistemas de reconhecimento, melhorar os níveis de engagement e com isto mudamos o modelo de serviço (call center, chats, centros globais).
O dilema de que a tecnologia vai afectar negativamente o ambiente de trabalho e o engagement, pode e deve dar lugar a um novo modelo de human touch que, se baseia não na transaccionalidade mas sim na sofisticação, customização e computação da Gestão dos Recursos Humanos que traz ganhos de eficiência. Esta componente de “Evidence Based” em que as decisões são tomadas com base em dados e projecções fundamentadas será um valor agregador do negócio com visibilidade e impacto financeiro inquestionável e faz todo o sentido num contexto de mobilidade impar em que a residência e o local de trabalho são irrelevantes para a organização (mas isso fica para outro artigo).