Por | Raquel Rebelo, Country Manager, Abilways Portugal
Os ingredientes não são secretos e estão à disposição de todos: comunicação, carácter, consistência, credibilidade, coragem, resiliência, atitude, convicção, energia, tato, humildade e obviamente carisma e competência. Mas, receitas não existem, ou melhor, cada líder tem a sua. Cada pessoa é única e tem uma forma de liderar própria. Combina os ingredientes da liderança à sua maneira e nas doses adequadas ao seu perfil.
Quando falamos em carisma lembramo-nos sempre de grandes figuras que inspiraram e mobilizaram pessoas. E ser líder é isso mesmo: é mobilizar, envolver, inspirar e motivar.
Mas será que o carisma é inato ou pode ser trabalhado? Pessoalmente acho que há um grande paralelismo entre carisma e criatividade. Nem todos somos naturalmente criativos, mas há técnicas para desenvolver a criatividade. Da mesma forma, há características de personalidade, de carácter, que facilitam a vida a quem as tem e quando se é naturalmente carismático, mais facilmente se consegue liderar. Mas, é tudo uma questão de vontade e convicção. Quando queremos de facto uma coisa, conseguimos superar desafios e ultrapassar barreiras e mudarmos a nossa maneira de ser. Basta “encarnar o personagem, decorar bem o texto e ter um bom encenador”…
Mas, nem só de carisma vive um líder. Um líder para inspirar deve dar o exemplo e um “incompetente” não o consegue. Quantos de nós não tiveram a infelicidade de ter “líderes” incompetentes? E quantos de nós não sentiram já na pele o que é não sentir orgulho em quem está ao leme do nosso navio? Posso parecer politicamente incorreta ao exprimir-me desta forma, mas tenho a certeza de que a maioria dos colaboradores que não se reveem nas chefias pensa desta forma.
E quando falo de competências, falo claramente de competências técnicas, mas não só. As competências técnicas são as mais fáceis de controlar e adquirir, mas as competências pessoais são o busílis da questão e são essas que definem a qualidade da liderança.
Autoridade, controlo e poder descrevem a “liderança” tradicional que habitualmente resulta em repressão e medo. Felizmente, a motivação pelo medo deixou de fazer parte do léxico da gestão e, atualmente, é assumido que um líder deve estar sempre presente e em contacto permanente com a equipa, traçando um caminho e alinhando posições.
A liderança não é um posto e não se é líder porque se foi nomeado tal. Pode-se ser nomeado chefe, diretor, coordenador, administrador… e ter autoridade formal sobre uma equipa. Mas, daí a ser líder…
A liderança constrói-se, exerce-se! A liderança é um processo baseado no reconhecimento e capacidade de influência. Um líder envolve, compromete, incluiu, constrói laços, gera emoções positivas e inspira confiança.