Uma das consequências mais óbvias desta pandemia é que a transformação digital será um imperativo ainda maior para a maioria das organizações. Mas ao contrário do que se possa pensar, a transformação digital tem mais a ver com pessoas do que com tecnologia. De acordo com a Harvard Business Review, a capacidade de adaptação a um futuro mais digital vai depender da capacidade das organizações de desenvolverem uma “nova geração de competências”.
De acordo com a publicação, esta é a altura para as organizações – de qualquer indústria ou setor de atividade – se começarem a preparar para um futuro mais digital. É que embora o futuro possa parecer mais incerto que nunca, há uma aposta segura: o foco na requalificação das pessoas, para que estejam preparadas para se adaptarem às mudanças, é crucial. Como?
Colocar as pessoas no centro
A tecnologia permite-nos fazer mais com menos, mas só é eficaz se combinada com as competências humanas, explica a Harvard Business Review. A disrupção tecnológica trouxe-nos a automação e a eliminação de alguns postos de trabalho, mas também criou novos empregos.
O lado criativo da inovação estará sempre dependente das pessoas. Por isso, se as organizações conseguirem alavancar a adaptabilidade humana, capacitando a força de trabalho, é possível investir em tecnologia e, ao mesmo tempo, aumentar os postos de trabalho. Qualquer inovação tecnológica, por mais brilhante que seja, é totalmente irrelevante se não existirem pessoas com competências para a utilizar. Quando os líderes decidem investir em tecnologia, devem primeiro pensar em investir nas pessoas que podem tornar essa tecnologia útil.
Foco nas soft skills
Assim como a transformação digital tem mais a ver com pessoas do que com tecnologia, também as competências mais importantes são as soft skills. É certo que o mercado de trabalho procura cada vez mais analistas de cibersegurança ou data scientists, contudo, a melhor forma de criar uma organização mais centrada nos dados e mais digital é através do investimento em pessoas adaptáveis, curiosas e flexíveis. Como ninguém sabe quais serão as principais hard skills necessárias no futuro, o melhor que pode fazer é apostar nas pessoas com maiores competências humanas para as desenvolver quando forem necessárias: pessoas com elevada capacidade de aprendizagem e com facilidade de adaptação à mudança.
Começar a mudança pelo topo
A ideia de que as mudanças deve começar na base e prosseguir para cima pode ser intuitiva, mas na realidade é mais provável que essas mudanças ocorram se começarem no topo. Isto significa que deve ter uma liderança transformacional: não se pode esperar grandes mudanças numa organização se os seus principais líderes não forem os primeiros a mudar.
Se há coisa que os últimos meses nos ensinaram é que somos mais fortes e mais ágeis como uma comunidade global. E essa agilidade, embora apoiada em tecnologia, só é possível com as pessoas. O segredo é sempre alimentar a curiosidade e a adaptabilidade, mesmo fora das crises.