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2023 – O Ano Europeu das Competências

União Europeia
Nuno Jorge, Head of Sales – Formação e Consultoria, Abilways Portugal

A União Europeia desceu ao cidadão comum

Em setembro de 2022 a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no discurso do Estado da União, propôs que 2023 seja o Ano Europeu das Competências.

O discurso reveste-se de simbolismo por alinhar a resposta que a União Europeia deve fazer ao atual contexto de guerra na Ucrânia, inflação, incerteza económica, desafios energéticos e escassez de recursos humanos.

A União Europeia, entidade supraestadual, desceu ao cidadão comum. Neste discurso do Estado da União – o cidadão que, sendo jovem, procura a sua vocação profissional, ou que, estando já empregado, se confronta com necessidades de reskilling e terá obrigatoriamente atender à sua formação ao longo da vida.

O cidadão que, sendo jovem, procura a sua vocação profissional, ou que, estando já empregado, se confronta com necessidades de reskilling

Ursula von der Leyen reforça: “a Europa carece de camionistas, empregados de mesa e trabalhadores aeroportuários, bem como de enfermeiros, engenheiros e técnicos de TI”.

A atual conjuntura de baixo desemprego e, ao mesmo tempo, com diversos desafios de transformação digital e energética, faz com que a Europa precise de todos e lança o desafio aos governos dos Estados-membros, mas também às universidades e empresas prepararem-se para uma efetiva resposta ao desafio do desenvolvimento de competências.

A Europa será mais atrativa e desenvolvida com colaboradores cada vez mais qualificados e, sobretudo, com o alinhamento entre as necessidades que as empresas precisam hoje e num futuro próximo e os percursos de educação e formação profissional que o cidadão deve aspirar e realizar para estar integrado no mercado de trabalho europeu e, dessa forma, aspirar a um futuro de realização profissional e pessoal.

Alinhamento entre as necessidades que as empresas precisam hoje e num futuro próximo e os percursos de educação e formação profissional

Iniciado o novo ano, revestem-se de particular importância e atenção o papel dos seguintes atores neste sistema de desenvolvimento de competências e o impacto que terão nas empresas e nos cidadãos:

  • O papel das instituições europeias e as orientações e objetivos que estabelecem para os Estados-membros – destacando em particular o “Orientações para a Digitalização 2030” que quer garantir que 80% da população da UE tenha competências digitais fundamentais e que haja cerca de 20 milhões de especialistas TI no ativo

 

  • O papel dos governos dos Estados no “match” de competências e na atratividade junto de países terceiros – cabendo aos governos nacionais comprometerem-se, de modo efetivo, com políticas públicas que proporcionem o “match” entre as necessidades profissionais atuais e futuras do país, e as políticas de educação e formação destinadas aos jovens, em idade escolar e numa fase crucial de fazer escolhas profissionais. Mas, para além dos aspetos de alinhamento dos sistemas de educação e formação profissional com as necessidades de empregabilidade do país, há que reconhecer a necessidade de atrair colaboradores qualificados e ter políticas de inclusão e reskilling que os integrem na comunidade nacional. A crise demográfica que grande parte dos países da UE sofre, em que Portugal é uma situação bastante crítica, obrigará a que o nosso país possa ser mais atrativo para colaboradores qualificados de países terceiros e, nesse sentido, as políticas que acelerem e facilitem “reconhecimento das qualificações de nacionais de países terceiros” é visto como fundamental

 

  • Os serviços públicos – que, pelas “Orientações para a Digitalização 2030, têm de ser 100% digitais, facilitando a vida dos cidadãos e tornando a resposta ao cidadão mais acessível, flexível e rápida

 

  • O papel das empresas – são as empresas que “melhor sabem de que colaboradores qualificados precisam hoje e vão precisar no futuro”. São as empresas que executam as maiores transições ecológica e digital e, com isso, são o efetivo motor da recuperação económica. Na esfera da formação profissional, cabem às empresas as ações mais quotidianas e próximas do colaborador na resposta à escassez do talento, de forma a “capacitar as pessoas para aprender a aprender e reaprender e incorporar a aprendizagem ao longo da vida na organização”, e também de modo a prever o futuro e antecipar estratégias de desenvolvimento de competências que permitam garantir sempre o alinhamento entre a evolução do negócio e a evolução profissional dos trabalhadores

 

Pensamento crítico, capacidade para a resolução de problemas, capacidades para falar em público, comunicação eficaz e persuasão

  • O papel dos colaboradores – que devem fazer formação de forma regular, ao longo da vida, atualizando-se e adaptando-se aos novos contextos e recetivos para aprender novas habilidades e competências, não apenas em domínios técnicos ou tecnológicos, mas alargando a sua participação em aprendizagens de soft skills, como sejam a comunicação eficaz, a liderança, a inteligência emocional ou a tomada de decisão. A pandemia Covid-19 reforçou as preocupações com a equilíbrio emocional e entre a vida profissional e familiar, ao que se juntam as preocupações que os colaboradores (e as organizações) têm com a alimentação saudável, os (bons) hábitos de sono e o exercício físico. São várias as organizações que lançam iniciativas de sensibilização e formação que proporcionem aos colaboradores todas estas novas habilidades e competências (e não apenas as exclusivamente técnicas e ligadas à especificidade da função)

 

  • O papel dos estudantes – que devem ser parte ativa (e reivindicativa) em terem sistemas de ensino que estejam atuais e alinhados com os desafios dos empregadores e da sociedade. Emergindo um ensino que pode ser mais digital e com vocações para o remoto, há atividades de aprendizagem que podem incorporar novas metodologias e o incentivo à autoaprendizagem pode ser feito de forma mais flexível e com estratégias mais focadas no “saber fazer” no que no número de horas ou num programa curricular estandardizado.

 

Prever o futuro e antecipar estratégias de desenvolvimento de competências que permitam garantir sempre o alinhamento entre a evolução do negócio e a evolução profissional dos trabalhadores

De acordo com a OCDE, as competências críticas em 2030 tendo em conta os empregos emergentes no início da próxima década, serão o pensamento crítico, capacidade para a resolução de problemas, capacidades para falar em público, comunicação eficaz e persuasão e, em domínios mais técnicos, a programação e a análise de dados. Caberão aos sistemas de ensino atender a estas competências e, aos estudantes, fazerem as suas escolhas de aprendizagem em função destas tendências comissário Thierry Breton, afirmou que “A força da Europa reside nos seus talentos, nomeadamente os engenheiros, investigadores e empresários. Para alcançar os nossos objetivos relativos à Década Digital e ao Pacto Ecológico, queremos dar apoio às nossas empresas, em especial às PME, em termos de contratação, formação e manutenção de talentos.”

Ao longo de 2023 serão várias as iniciativas da Comissão Europeia para incentivar os Estados-membros a executarem políticas e os respetivos investimentos em prol das competências dos europeus. Para saber mais recomendo a leitura do documento da Comissão Europeia.

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